Após serem humilhados na Eurocopa de
2000, alemães tiveram a humildade de reconhecer que estavam ficando para trás e
iniciaram uma revolução no futebol de seu país
Anote esta data: 20 de junho de 2000. Neste dia a
Alemanha começou sua caminhada rumo ao tetracampeonato mundial, conquistado no
Brasil de forma brilhante. Exatamente nesta ocasião citada, os germânicos eram
eliminados da Eurocopa, perdendo por 3-0 para Portugal, e deixando a competição
ainda na primeira fase com apenas um ponto ganho e tendo marcado somente um
gol, contra a Romênia.
Aquela tragédia foi um marco que obrigou o desenvolvimento de uma revolução de toda a estrutura do esporte no país. Na visão deles não importava se o projeto fosse levar um longo prazo para trazer resultado, porém o importante seria construir uma base sólida, capaz de criar uma máquina de talentos no país.
Dirigentes de clubes, federações, ex-atletas, entre outras personalidades ligadas ao futebol se uniram e decidiram que a partir daquele ponto a prioridade seria criar locais onde os jovens talentos fossem descobertos e trabalhos em diversos pontos do país, para que em pouco tempo estivessem aptos a servirem os times e posteriormente a seleção.
Por ironia do destino, a seleção alemã logo teve um bom desempenho na Copa do Mundo seguinte, quando chegou a final da competição em 2002, perdendo para o Brasil por 2-0. Ao contrário do que possa imaginar, ninguém foi satisfeito com o desempenho daquele time, ainda que tivessem vencido o torneio realizado na Coreia do Sul e no Japão. Ali foi notado que apenas uma semente estava nascendo e que deveriam intensificar o plano proposto para que, em longo prazo, pudessem colher os frutos sonhados.
Com apoio do Governo, que se tornou parceiro do plano nacional, um bilhão de dólares foram gastos no investimento de Centros de Capacitação de jovens talentos. Para se ter uma ideia, hoje na Alemanha existem 366 centro de treinamentos espalhados por todo o país, que reúnem aproximadamente 25 mil adolescentes, onde são transmitidos àqueles que estão iniciando a carreira, não apenas técnicas de bola, mas também planos táticos, palestras com ex-jogadores, entre outras atividades. Nesses locais, acessíveis a qualquer um que demonstre interesse de participar deste projeto, os treinadores também recebem orientações e treinamentos, desenvolvidos pela própria confederação, e a partir de então passam a se tornar polos do plano macro criado pela mesma, gerando assim uma padronização de todo o trabalho desenvolvido no país em busca de um objetivo comum.
Todos os clubes que participam da Bundesliga são obrigados a terem seu próprio Centro de Treinamento, que passam a receber os destaques dessas escolas de base espalhadas pelo país. Foi assim, por exemplo, que Thomas Muller chegou ao Bayern de Munique. Após participar de um torneio em sua cidade, ele foi observado por um olheiro convidado a assistir a competição que imediatamente o chamou para treinar no centro do clube. Ao chegar lá, evidentemente, o jovem encontrou dificuldades, porém já tinha uma base desenvolvida em sua região e todo planejamento de treino seguia uma mesma estrutura que ele já lidava anteriormente.
Hoje o Bayern de Munique possuiu uma estrutura de treinamentos de causar inveja até mesmo entre os times europeus. Atualmente quase 200 crianças chegam ao clube a cada semena por terem se destacado na região da Baviera. Ali encontram diversos campos de treinos em um espaço de 70 mil metros quadrados.
Como citado anteriormente, a fonte desses talentos dos bávaros são os 11 times mantidos pelo clube, além da equipe principal, que contam com quase 30 olheiros e treinadores especializados, além de toda a base de trabalho que conta com departamento médico e de psicologia que estão à disposição dos jovens, que chegam a somar quase 50 profissionais voltados exclusivamente para as categorias de base. Vale lembrar que para ter essa estrutura, o clube investe aproximadamente 10 milhões de reais, o que certamente se torna muito lucrativo, tendo em vista o resultado que eles conseguem obter.
Aos candidatos a ídolos é exigido muito comprometimento. A presença em no mínimo três treinamentos semanais faz parte do plano básico daqueles que estão participando do projeto. Além disso, outro critério que eles não abrem mão é a presença de todos os alunos nas escolas, já que o sistema educacional também está integrado ao plano de esportes nacional. Dentre todos os participantes, cerca de 20 jovens são tratados como joias e recebem tratamento em tempo integral, já que deste seleto grupo, espera-se que saiam os craques mais cobiçados do futebol mundial, em poucos anos.
A fábrica de craques não poderia se limitar aos gramados. Cientes que passariam por um momento de transição, os alemães passaram a dar atenção também aos torcedores, que como eles mesmos costumam dizer, são a fonte que alimenta a paixão que passa de geração para geração. Portanto os clubes decidiram que os ingressos para os jogos deveriam ser cada vez mais atraentes para o público e ficou decidido que todas as equipes iriam congelar os preços, para que os estádios estivessem sempre cheios, gerando receitas secundárias, como consumo de comida, bebida além de produtos ligados aos clubes. Outro ponto importante da política desenvolvida é que, ao contrário do que acontece em países como a Inglaterra, investidores estrangeiros foram proibidos de comprarem os clubes, que deveriam seguir a linha proposta a partir daquele ponto. Hoje em dia a liga alemã é a que apresenta a melhor média de público do mundo, tendo chegado à última temporada a 42.612 torcedores por jogo.
O resultado de todo esse trabalho tivemos a oportunidade de assistir ontem em pleno Maracanã, no dia 13 de julho de 2014, dia em que os alemães conquistaram o mundo. Como se não bastasse, apesar de terem sido os algozes dos anfitriões do evento, foram aplaudidos pela torcida local, que entendeu através das atitudes desses jogadores, que futebol nada mais é do que um esporte sadio, capaz de gerar a convivência pacífica entre os povos, onde cada um deve tirar lições de bons exemplos de outras nações.
Aquela tragédia foi um marco que obrigou o desenvolvimento de uma revolução de toda a estrutura do esporte no país. Na visão deles não importava se o projeto fosse levar um longo prazo para trazer resultado, porém o importante seria construir uma base sólida, capaz de criar uma máquina de talentos no país.
Dirigentes de clubes, federações, ex-atletas, entre outras personalidades ligadas ao futebol se uniram e decidiram que a partir daquele ponto a prioridade seria criar locais onde os jovens talentos fossem descobertos e trabalhos em diversos pontos do país, para que em pouco tempo estivessem aptos a servirem os times e posteriormente a seleção.
Por ironia do destino, a seleção alemã logo teve um bom desempenho na Copa do Mundo seguinte, quando chegou a final da competição em 2002, perdendo para o Brasil por 2-0. Ao contrário do que possa imaginar, ninguém foi satisfeito com o desempenho daquele time, ainda que tivessem vencido o torneio realizado na Coreia do Sul e no Japão. Ali foi notado que apenas uma semente estava nascendo e que deveriam intensificar o plano proposto para que, em longo prazo, pudessem colher os frutos sonhados.
Com apoio do Governo, que se tornou parceiro do plano nacional, um bilhão de dólares foram gastos no investimento de Centros de Capacitação de jovens talentos. Para se ter uma ideia, hoje na Alemanha existem 366 centro de treinamentos espalhados por todo o país, que reúnem aproximadamente 25 mil adolescentes, onde são transmitidos àqueles que estão iniciando a carreira, não apenas técnicas de bola, mas também planos táticos, palestras com ex-jogadores, entre outras atividades. Nesses locais, acessíveis a qualquer um que demonstre interesse de participar deste projeto, os treinadores também recebem orientações e treinamentos, desenvolvidos pela própria confederação, e a partir de então passam a se tornar polos do plano macro criado pela mesma, gerando assim uma padronização de todo o trabalho desenvolvido no país em busca de um objetivo comum.
Todos os clubes que participam da Bundesliga são obrigados a terem seu próprio Centro de Treinamento, que passam a receber os destaques dessas escolas de base espalhadas pelo país. Foi assim, por exemplo, que Thomas Muller chegou ao Bayern de Munique. Após participar de um torneio em sua cidade, ele foi observado por um olheiro convidado a assistir a competição que imediatamente o chamou para treinar no centro do clube. Ao chegar lá, evidentemente, o jovem encontrou dificuldades, porém já tinha uma base desenvolvida em sua região e todo planejamento de treino seguia uma mesma estrutura que ele já lidava anteriormente.
Hoje o Bayern de Munique possuiu uma estrutura de treinamentos de causar inveja até mesmo entre os times europeus. Atualmente quase 200 crianças chegam ao clube a cada semena por terem se destacado na região da Baviera. Ali encontram diversos campos de treinos em um espaço de 70 mil metros quadrados.
Como citado anteriormente, a fonte desses talentos dos bávaros são os 11 times mantidos pelo clube, além da equipe principal, que contam com quase 30 olheiros e treinadores especializados, além de toda a base de trabalho que conta com departamento médico e de psicologia que estão à disposição dos jovens, que chegam a somar quase 50 profissionais voltados exclusivamente para as categorias de base. Vale lembrar que para ter essa estrutura, o clube investe aproximadamente 10 milhões de reais, o que certamente se torna muito lucrativo, tendo em vista o resultado que eles conseguem obter.
Aos candidatos a ídolos é exigido muito comprometimento. A presença em no mínimo três treinamentos semanais faz parte do plano básico daqueles que estão participando do projeto. Além disso, outro critério que eles não abrem mão é a presença de todos os alunos nas escolas, já que o sistema educacional também está integrado ao plano de esportes nacional. Dentre todos os participantes, cerca de 20 jovens são tratados como joias e recebem tratamento em tempo integral, já que deste seleto grupo, espera-se que saiam os craques mais cobiçados do futebol mundial, em poucos anos.
A fábrica de craques não poderia se limitar aos gramados. Cientes que passariam por um momento de transição, os alemães passaram a dar atenção também aos torcedores, que como eles mesmos costumam dizer, são a fonte que alimenta a paixão que passa de geração para geração. Portanto os clubes decidiram que os ingressos para os jogos deveriam ser cada vez mais atraentes para o público e ficou decidido que todas as equipes iriam congelar os preços, para que os estádios estivessem sempre cheios, gerando receitas secundárias, como consumo de comida, bebida além de produtos ligados aos clubes. Outro ponto importante da política desenvolvida é que, ao contrário do que acontece em países como a Inglaterra, investidores estrangeiros foram proibidos de comprarem os clubes, que deveriam seguir a linha proposta a partir daquele ponto. Hoje em dia a liga alemã é a que apresenta a melhor média de público do mundo, tendo chegado à última temporada a 42.612 torcedores por jogo.
O resultado de todo esse trabalho tivemos a oportunidade de assistir ontem em pleno Maracanã, no dia 13 de julho de 2014, dia em que os alemães conquistaram o mundo. Como se não bastasse, apesar de terem sido os algozes dos anfitriões do evento, foram aplaudidos pela torcida local, que entendeu através das atitudes desses jogadores, que futebol nada mais é do que um esporte sadio, capaz de gerar a convivência pacífica entre os povos, onde cada um deve tirar lições de bons exemplos de outras nações.
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